O abuso psicológico é definido como um padrão de comunicação, quer verbal ou não-verbal, com a intenção de causar sofrimento psicológico na outra pessoa, ou que é percebido como tendo essa intenção (Strauss & Sweet, 1992)
As causas do abuso no contexto do relacionamento íntimo com o companheiro são relativas a uma grande diversidade de circunstâncias, os aspectos que são privilegiados pela teoria da vinculação.
A investigação no âmbito da teoria da vinculação foca particularmente os indivíduos com história de cuidados inadequados e tem vindo a evidenciar como essas experiências adversas podem originar padrões de vinculação inseguros que interferem na qualidade do relacionamento do indivíduo até idade adulta.
Crianças maltratadas durante a infância apresentam com frequência modelos representacionais inseguros na vida adulta, mostram ainda que indivíduos com modelos inseguros na idade adulta têm mais dificuldades no relacionamento íntimo e são com mais frequência vítimas ou perpetradores de maus-tratos nas relações interpessoais com pessoas significativas. Desse modo, os maus tratos sofridos durante a infância determinam dificuldades no relacionamento íntimo na idade adulta e por que originam que o indivíduo construa padrões inseguros de vinculação. Outros estudos desenvolvidos no âmbito da mesma teoria observam que indivíduos adultos com padrão de vinculação seguros tendem a juntar-se com companheiros seguros, enquanto isso indivíduos adultos com padrão de vinculação evitante tendem a juntar-se com companheiros com padrão de vinculação ambivalente, no sentido de sustentar modelos internos.
os efeitos a curto prazo das experiências de abuso, englobam um vasto leque de reações emocionais que incluem medo, raiva, isolamento e mal-estar emocional. Englobam ainda queixas somáticas, tais como insônia, dores de cabeça, problemas gastrointestinais, estresse, depressão e idealização suicida, abuso de álcool, drogas, baixa autoestima e ansiedade. o tipo de relacionamento mantido com os pais durante a infância tem um importante papel na definição das estratégias de vinculação e implicações no desenvolvimento das estruturas neuroanatômicas as quais interferem dimensões significativas das interações relacionais futuras, nomeadamente na idade adulta a quando do estabelecimento da intimidade.
Fonte: C.Paiva & B. Figueiredo.